23 de nov. de 2012

Quase sem querer


“Boa noite, querida”
Queria ele bradar...
Má noite, deprimida,
Me falta teu olhar.

Neste jogo de viver
Vivemos este romance.
Quase sem querer...
Um escorregão, de relance...

Parem os segundos!
Pare o ponteiro!
Pois sonho para nós
Apenas um dia inteiro.

Para realizar esta leitura
Juntos, abraçadinhos...
E viver esta aventura
Só para baixinhos.

30 de out. de 2012

Risadas

Rir do teu riso, confesso,
É a melhor das risadas.
Rir a esmo, sem nexo,
Das mais frígidas piadas.

Querida chapeleira,
Porque fazes assim?
Sufocas-me abraçadeira...
Com sorrisos sem fim.

Mata-me de alegria,
Afasta-me do pranto.
Anjinha desta poesia;
Das palavras, teu encanto.

19 de out. de 2012

Essa chama..


Algumas coisas são inesperadas, inusitadas, simplesmente acontecem como se irremediavelmente estivessem predestinadas a acontecer. Agora nos resta se sentar e observar o fogo do sentimento que, posto que é chama, seja eterno enquanto dure.

5 de out. de 2012

Criptógama


Minha má métrica mui malquerida
Há de criptografar e bem-camuflar
Toda tenra tediosa tendenciosa lida.
Então hei de subitamente declarar: 
Chega! Que seja sem sentir tal vida!
Que possamos permear o ar e cantar
Entreolhar-nos e rir deste mal pesar
Com murmúrios de mímica inexata
Poder-lhe, sem som algum ecoar,
Descriptografar esse mau-poema
Que lábios não hão de expressar.

4 de out. de 2012

A todos


É muita gente
Pra pouca opinião.
É muito poema
Pra pouco leitão.

30 de set. de 2012

O Grande Garfo


És tão belo, ó grande garfo majestoso!
Criado do belo e trabalhado metal.
Tão reluzente, iluminado e formoso
Quanto o mais puro ser angelical!

És tão grandioso, ó belo instrumento...
Que tua afiada extremidade aguda,
Perfuraria o mais duro alimento
Da mais forte superfície carnuda.

Remonta vossa origem tão gloriosa
A Netuno, cujo Tridente originou
Esta peça quadrifurcada tão preciosa.

Regozijai-vos, ó grande rei Netuno!
Pois a mais bela peça de tua criação,
Equiparar-se-á à beleza de Juno!

24 de set. de 2012

Pequena Alice.


Que bom vômito o vômito das tuas palavras
Sinceras e irredutíveis, belas explosões...
Oriundas de tempestuosos contos de fadas,
Fadadas a retumbar em nossos corações.

Pois a emoção do teu escrever
Transcende o limiar do sentir.
Acredite no que lhe digo!
Porque iria mentir?

Essa mente, esse turbilhão de ideias é
Represa prestes a desabar!
Então encarecido lhe peço:
Liberte-a! Deixe-a voar!

Acredites nas palavras
Daqueles que sabem sentir
O poder de tuas pinceladas,
O paradigma do teu existir.

Entendo... São muitas em uma só
Muitas flores em uma mesma planta
Entremeando e apertando o nó
Sufocante em tua garganta.

Entendo... Tua aversão
A toda essa bonacheirice
Basta fechar teus olhos, -
E sorrir, pequena Alice.

23 de set. de 2012

Meu lencinho!


Pena do bobinho abobado a amar
Recolhendo pedacinhos
De seu mundinho a desabar.

Juntando seus lencinhos
À arte de errar, erra os caminhos
E termina por amar.

Meu humilde terno


Gosto de vestir meu humilde terno
Gosto de ser esse ser oculto
Gosto de viver meu próprio inverno
De lhe parecer um estranho aos olhos
De indemonstrar tudo que foi, é e será
Vestir-me palhaço e rir de teu gargalho
Pois nesse circo de indiferença
Sou eu, o alvo de teus risos,
Aquele que ri com descrença
De teus tristes e tênues sorrisos.

12 de set. de 2012

Três pontos.


“É culpa da sociedade”  - eu sempre dizia.
                Sempre tentei me justificar através de dogmas sociais, pois eles se tornam parte de todos nós, conscientemente ou não. Todos vivem sob pressão, sob a angústia de ter de ser aquilo que querem que tu sejas, ou esperam peremptoriamente que tu te tornes. Neste caminho do “tornar-se”, porque nos vem escolhas tão difíceis? Porque cada decisão importante vem acompanhada de uma espadada de gelo? Porque para nos tornarmos aquilo que querem que nos tornemos temos de sacrificar aquilo que queremos, que desejamos?
                Entre decisões e recisões, terminamos mal interpretados, mal entendidos e mal conceituados.

Queira ou não, as cartas são dadas
Apeguei-me ao às de espadas
Que ao fim teve de ser sacrificada
Para que se ganhasse a cartada.

                Repugnância é pouco perto do que sinto de mim mesmo. Raiva de ter de ter de agir sob influência dos outros. De ouvir os passarinhos. De ter de se trocar aquilo que se quer por aquilo que lhe querem. Quem dera pudesse eu guiar meu próprio nariz. Minha própria diretriz daquilo que almejo.
                Almejo o que? Almejam por mim. Desculpas são impróprias, pois sei da força daqueles repletos de cicatrizes de guerra.
Derramei lágrimas, sempre hei de fazê-lo. Após cada punhal nos posto ao peito, reacende o medo à despeito da dor. Medo traduzido em dor, dor traduzida em lágrimas. Não sei se serei capaz de camuflar a dor, mas me dói ter feito aquilo que fiz. Dor pior é a dor das palavras. A palavra, a navalha mais afiada contra aqueles com discernimento.
             Angústia, meus amigos. Saiba que aquilo que te aperta a garganta e te remói o estômago é recíproco, e talvez pior pelos lados de cá.

Inutilmente,
Desculpe.
-

19 de ago. de 2012

Sou cor, sou ser


Sou o nada que existem em tudo.
Sentado à soleira do nascer.
Venho do preto e branco mudo.
Sou as cores de um novo ser.

Quieto.

No tempo perdi
O tempo de escrever
Tudo o que senti
Sem nada a dizer.

Sem nada a dizer,
Nada omitir.
Não dá para descrever
O mais puro sentir.

Mas não esqueci
O eterno dever:
Quem escolhi
Jamais esquecer!

11 de ago. de 2012

Por qual razão? Há.

Não escrevo para que alguém leia, escrevo para que isso tudo não fique engasgado e vire vômito.

Escrever e viver


              Então eu li isso: “Será que é bom amar alguém que escreve melhor do que fala?”
              É o meu caso. Sou uma contradição constante, daqueles que se contradiz pelo anseio de ser aceito. Tenho medo de ser rejeitado, de ser excluído, de ser posto na prateleira como um mero objeto bonitinho e dispensável.
              Me apaixono fácil, por tudo aquilo que seja singelo e singular, contrariante e atípico.
              Me apaixono fácil, mas nem sempre demonstro.
              Apenas venho para esse cantinho recluso e escrevo.
              Ponho sentimento nestas palavrinhas, brutas, que após o trabalho do ourives reluzem. Sentimento que aqui há de permanecer incrustado? Talvez, quase certamente, pois amar é como andar de montanha russa, ou fazer cálculo de probabilidade: sempre haverão altos e baixos, acertos e erros, sins e nãos, yins e yangs. A decepção que sempre vem é um conceito relativo à individualidade de cada um. Não digo nunca que me decepcionei, mas sim que criei demasiadas expectativas.
             E depois?
             Vim pra cá escrever claro,

Entre lágrimas no teclado e noites no telhado,
A olhar as estrelas contemplando seu passado,
Escrevendo poesia ruim de versos mal-rimados,
Ouvindo o silêncio, seus acordes, seus suspiros.

              Mas do que adianta escrever, quando o que preciso é viver?

13 de jul. de 2012

Melhor não refletir.


Sou uma grande contradição.
Não por me contradizer, mas por me tornar ambíguo.
Ser alguém que não sou, e o pior de tudo, conscientemente.
Meu eu profundo e real é oculto, denso.
Quase uma fumaça de escapamento de motor que queima óleo.
 Versos brancos não me definem,
Pois palavras me são inconcebíveis
Nesse momento de íntima reflexão
Acerca deste enterrado eu
Redescoberto dia após dia.

13 de mai. de 2012

Para sempre na lembrança!


 Não fale pouco!
Escreva bastante!
Faça-se de louco,
Vivendo adiante.

Deixe para trás!
Respire novo ar!
Vivendo em sagaz
Poema a brotar.

Pincele a esmo,
Sem esnobar,
Retratando o relento
Que um dia há de acabar.

Pois tudo é passageiro,
E passageiro que sou,
Caminho a passo ligeiro,
A olvidar o que passou.

Lendo Men's Health


                É tão estranho pensar em futuro. O que estarei fazendo daqui a dez anos? Quem nunca se perguntou algo do tipo?
                Não se pode predizer o destino, apenas sofrer na angústia de prever seu próprio futuro. Que homem serei? Será que serei um poeta imerso num particular mundo dos sonhos? Ou serei apenas mais um estereotípico homem moderno, daqueles musculosos, que andam de BMW, leem Men’s Health e usam Tommy Hilfiger?
             Não se pode predizer o destino, apenas sentar e observar o passar do filme de nossas vidas. Observar amigos se tornarem estranhos, estranhos se tornarem amigos. Chegar no âmago de alguém, e descobrir que lá não tinha nada. Relembrar dos acontecimentos que nos marcaram e para sempre estarão na memória do coletivo.
                Enfim, não se pode predizer o destino, e sim conviver com sua lacônica agonia.
                Festejar a cada fugaz alegria.
                Acostumar-se a sofrer calado, velejando em mares de tempestuosa incerteza.
                Ao compasso da tristeza, que, geometricamente, aumenta.

Soneto ao Homem Moderno

Ser homem de uma mulher só não!
Mas de muitas que revolvam tesão!
Por entre as vielas desta cidade,
Colher os louros de minha vaidade.

Não peno por cada coração que ceifei,
Pois após a batalha, os elos se somem.
E por mais que eu tenha tentado, atestei...
Que homem nasce para ser homem,

Sou um psicopata dos assumidões!
Vivendo a debulhar tenras lágrimas,
Dos jovens e desnudos corações.

Belo ao andar, brincando de amar.
Às luzes da noite que me aguardam,
Hei de desfilar, e, então, transar.

23 de abr. de 2012

Ela contra o Guaíba


                  Lembro-me de estar deitado nos gramados ao redor da Usina do Gasômetro. Sentia o afresco do Guaíba contra meu rosto, que somado a uma das faixas de Andy Timmons, constituíam o palco ideal para passagens poéticas.
                Foi quando a vi, alguns metros à minha frente, deitada na grama, assim como eu. Dado meu pífio conhecimento de moda, não pude puxar da memória nada mais do que um vestido preto, com um cinto demasiado grosso na cintura, e um dos ombros expostos. Seu rosto, admito, não era angelical como as senhoras que permeiam as trovas medievais, mas demonstrava personalidade definida. Talvez fosse ela a alguém que tanto procurei.
                Ela levantou-se, assim como eu, para assistir ao tocar do sol na copa das árvores. E, por um momento fugaz, observei-a nítida como um cacto recortado contra a paisagem desértica. Talvez fosse ela.
                Deparei-me com meu amor descrito naquela situação: Palavras não ditas, músicas não cantadas, versos não proclamados, sentimentos resguardados. Apenas minha inércia contra a hipótese de um novo relacionamento.
                Talvez minha solidão tenha criado essa inércia, esse medo de errar outra vez, de aumentar a potência da decepção na equação dos meus sentimentos.
                 

21 de abr. de 2012

Eterno vestibular

Respondo uma questão,
Passo para outra nova.
De solidão para solidão,
E a questão se renova.

Neste eterno vestibular,
Preenchendo as bolinhas,
Meu destino a desandar,
À tinta desta canetinha.

De todas que respondi
Algumas hei de lembrar
Mas a questão que previ
Nunca hão de perguntar?

Triste viver este pesar,
Este eterno e mau rito.
Vivendo a completar
Questões sem gabarito.

Uma Linha

Aqui ponho uma linha, e tento novamente.

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5 de jan. de 2012

Vai lá busão!



Pisa fundo motora,
Acelera essa latinha!
Pois já passa da hora
D’eu ver a amada minha.

Sei que estará lá!
Mão estendida, pronta pra embarcar,
E ao meu lado se sentará...
Nem que seja pra bater um papo, beijar, abraçar...!

Conte como foi seu dia
Que ficarei aqui observando
Por entre as imagens passantes à janela
A fina luz do crepúsculo, te iluminando.

Vai lá meu busão!
Vá! Nem que seja empurrando...
Só não deixe meu coração...
Aos prantos, aguardando.

Grãos de amor




Sofro por ti, que nem imaginas que a vejo.
Admiro-te quando andas, não imaginas quanto a almejo.
Assim decantam sozinhos os grãos de meu amor...
Em meio a esse esvoaçado mar de desejo.

Os tão importantes...



Venha, vamos caminhar.
Vou lhe contar como são fúteis.
Quando o tempo começar a mudar,
Notarão como são inúteis.

Trocam suas pilhagens;
Mudam suas leis;
Organizam suas viagens;
Vivem como reis.

Recolhem nosso soldo;
Trocam por caviar;
Riem-se de nosso esforço;
E voltam a tramar.

São eternos gozadores,
Munidos de assustadora cara de pau.
Repleto de temores,
De que, expostos, essa tramóia possa acabar mau.

Mas não se engane, oh não, somos todos culpados
Quando vemos e esquecemos
Fazemos o que devemos
Pra nada mudar.