24 de set. de 2013

O coração ficou cinzento

Não há poesia que mude o sentir
E de nada adianta lutar em vão:
Não há nada que possa ferir
O pobre e indefeso coração
Mais do que as frias palavras
Sempre amargas
Que matam e morrem
E assim consomem
O que poderia ser amor
Mas que se transformou em dor
Assim sendo, não amou, e morreu
E o coração? A batalha perdeu...
Pois não há amor quando apenas um ama
É muito pra um só, que, então, o derrama...
... E transborda seu sentimento
Matando todo o contentamento...
E tratando com unguento
Um coração que ficou cinzento...
(Cinzento, sozinho e sonolento...)

(é a última poesia que postarei com métrica tão descomposta. Esse é um estilo que nunca me agradou. Hei de lapidar mais avidamente as próximas poesias a serem compartilhadas.)

5 comentários:

  1. Essa foi a melhor poesia tua que já li. Por que tanta fome de ser parnasiano e quadradinho? A melhor poesia é a desengonçada, mas a que diz a verdade. Veja Manuel Bandeira: simples e prosaico, mas... nossa! Extremamente tocante.

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    1. É que sou adepto da boa métrica, e aprecio as possíveis combinações delimitadas pelos decassílabos. Não que a poesia de métrica descomposta deva ser desprezada, mas, particularmente, prefiro uma métrica mais rígida.

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    2. De fato, ela é bela. Mas traduz o sentimento? Não fica, por vezes, pesada e enfadonha? Tente novos estilos, se não apreciares, retorna ao antigo. Não te feche a novas possibilidades. É necessário renovar e aprender.

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    3. Hei de fazê-lo.

      E, se traduz o sentimento? Aí que está. Cabe à habilidade do poeta transcrever o sentir numa métrica delimitada. Acredito que tais limites levam a um maior desenvolvimento das habilidades ortográficas e líricas do desenvolvedor, que, como que trancado numa jaula, exerce maior exercício de suas capacidades para, então, criar "boa" poesia.

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    4. Este comentário foi removido pelo autor.

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