15 de ago. de 2013

Estudo Para Piano, Op 10 Nº3, Fredérik Chopin


         "[..]Ele estava estupefato, tanto com sua beleza quanto pelo fato de terem abandonado totalmente a rota. Aquilo era suficiente para lhe demitirem por justa causa. O que aquela mulher poderia pedir?!
                -M-Mas... Isso é errado... Estamos fora da rota, o Coordenador vai ligar e... E... –Ela estava com o dedo indicador sobre os lábios, sibilando baixinho.
                -Você se importa com isso tudo? Com seu emprego? Com o velho porco que lhe mandou e desmandou por anos da sua vida infeliz? Não somos escravos de ninguém. Vem, Marcos. –Ele levantou do banco, e Natália o puxou pela mão. Ela o conduziu gentilmente até o parapeito do mirante, e lá ficaram por alguns instantes, fitando as luzes da cidade e o céu estrelado.
                -Você devia ter trazido seu piano, Marcos. Queria ouvir Chopin à luz dessas estrelas. Era um dos meus sonhos, para ser sincera. Alguém tocasse para mim.-Ela apertou a mão dele, se aproximando. –Alguém que me mostrasse o significado de viver.
                A confusão que tomara os pensamentos do pobre homem se tornou indescritível, mas, ao toque das mãos, tudo passou, e agora sentia como se uma velha amante lhe dirigisse os mais belos versos.
                -Queria poder tê-lo aqui, Natália. Você poderia, então, ouvir minha Tristeza. –Disse, referindo-se ao 10º estudo para piano de Chopin.
                -Seria um sonho. Você não sente nada? Aqui, nessa situação.
                -Eu... Não sei. Não sei. –Repetiu, envergonhando-se por suas dificuldades de dicção.
                Ela virou o rosto de maneira a olha-lo nos olhos. Ele sentiu, então, algo novo. Uma velha barreira, que sempre permeou seu viver, acabara de cair: podia se expressar livremente, aquém das experiências traumáticas de outrora. Podia ser ele mesmo, podia lhe falar abertamente.
                -Tu estas comigo, Marcos. Estou aqui para te fazer vivo outra vez. Para te fazer sorrir nesse mar de águas turvas que é o viver. –Ela desviou os olhos, passando a observar os arranha-céus a quilômetros de distância. –Sei que você sempre sentiu falta de algo.[...]"

(caso alguém queria ler o conto completo, contate-me)

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