“É culpa da sociedade” - eu
sempre dizia.
Sempre tentei me justificar
através de dogmas sociais, pois eles se tornam parte de todos nós,
conscientemente ou não. Todos vivem sob pressão, sob a angústia de ter de
ser aquilo que querem que tu sejas, ou esperam peremptoriamente que tu te
tornes. Neste caminho do “tornar-se”, porque nos vem escolhas tão difíceis? Porque
cada decisão importante vem acompanhada de uma espadada de gelo? Porque para
nos tornarmos aquilo que querem que nos tornemos temos de sacrificar aquilo que
queremos, que desejamos?
Entre decisões e recisões, terminamos
mal interpretados, mal entendidos e mal conceituados.
Queira ou não, as cartas são dadas
Apeguei-me ao às de espadas
Que ao fim teve de ser sacrificada
Para que se ganhasse a cartada.
Repugnância é pouco perto do que
sinto de mim mesmo. Raiva de ter de ter de agir sob influência dos outros. De
ouvir os passarinhos. De ter de se trocar aquilo que se quer por aquilo que lhe
querem. Quem dera pudesse eu guiar meu próprio nariz. Minha própria diretriz
daquilo que almejo.
Almejo o que? Almejam por mim.
Desculpas são impróprias, pois sei da força daqueles repletos de cicatrizes de
guerra.
Derramei lágrimas, sempre hei de fazê-lo. Após cada punhal nos posto ao
peito, reacende o medo à despeito da dor. Medo traduzido em dor, dor traduzida
em lágrimas. Não sei se serei capaz de camuflar a dor, mas me dói ter feito aquilo que fiz. Dor pior é a dor das palavras. A palavra, a navalha mais afiada contra aqueles com discernimento.
Angústia, meus amigos. Saiba que aquilo que te aperta a garganta e te remói o estômago é recíproco, e talvez pior pelos lados de cá.
Inutilmente,
Desculpe.
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