30 de set. de 2012

O Grande Garfo


És tão belo, ó grande garfo majestoso!
Criado do belo e trabalhado metal.
Tão reluzente, iluminado e formoso
Quanto o mais puro ser angelical!

És tão grandioso, ó belo instrumento...
Que tua afiada extremidade aguda,
Perfuraria o mais duro alimento
Da mais forte superfície carnuda.

Remonta vossa origem tão gloriosa
A Netuno, cujo Tridente originou
Esta peça quadrifurcada tão preciosa.

Regozijai-vos, ó grande rei Netuno!
Pois a mais bela peça de tua criação,
Equiparar-se-á à beleza de Juno!

24 de set. de 2012

Pequena Alice.


Que bom vômito o vômito das tuas palavras
Sinceras e irredutíveis, belas explosões...
Oriundas de tempestuosos contos de fadas,
Fadadas a retumbar em nossos corações.

Pois a emoção do teu escrever
Transcende o limiar do sentir.
Acredite no que lhe digo!
Porque iria mentir?

Essa mente, esse turbilhão de ideias é
Represa prestes a desabar!
Então encarecido lhe peço:
Liberte-a! Deixe-a voar!

Acredites nas palavras
Daqueles que sabem sentir
O poder de tuas pinceladas,
O paradigma do teu existir.

Entendo... São muitas em uma só
Muitas flores em uma mesma planta
Entremeando e apertando o nó
Sufocante em tua garganta.

Entendo... Tua aversão
A toda essa bonacheirice
Basta fechar teus olhos, -
E sorrir, pequena Alice.

23 de set. de 2012

Meu lencinho!


Pena do bobinho abobado a amar
Recolhendo pedacinhos
De seu mundinho a desabar.

Juntando seus lencinhos
À arte de errar, erra os caminhos
E termina por amar.

Meu humilde terno


Gosto de vestir meu humilde terno
Gosto de ser esse ser oculto
Gosto de viver meu próprio inverno
De lhe parecer um estranho aos olhos
De indemonstrar tudo que foi, é e será
Vestir-me palhaço e rir de teu gargalho
Pois nesse circo de indiferença
Sou eu, o alvo de teus risos,
Aquele que ri com descrença
De teus tristes e tênues sorrisos.

12 de set. de 2012

Três pontos.


“É culpa da sociedade”  - eu sempre dizia.
                Sempre tentei me justificar através de dogmas sociais, pois eles se tornam parte de todos nós, conscientemente ou não. Todos vivem sob pressão, sob a angústia de ter de ser aquilo que querem que tu sejas, ou esperam peremptoriamente que tu te tornes. Neste caminho do “tornar-se”, porque nos vem escolhas tão difíceis? Porque cada decisão importante vem acompanhada de uma espadada de gelo? Porque para nos tornarmos aquilo que querem que nos tornemos temos de sacrificar aquilo que queremos, que desejamos?
                Entre decisões e recisões, terminamos mal interpretados, mal entendidos e mal conceituados.

Queira ou não, as cartas são dadas
Apeguei-me ao às de espadas
Que ao fim teve de ser sacrificada
Para que se ganhasse a cartada.

                Repugnância é pouco perto do que sinto de mim mesmo. Raiva de ter de ter de agir sob influência dos outros. De ouvir os passarinhos. De ter de se trocar aquilo que se quer por aquilo que lhe querem. Quem dera pudesse eu guiar meu próprio nariz. Minha própria diretriz daquilo que almejo.
                Almejo o que? Almejam por mim. Desculpas são impróprias, pois sei da força daqueles repletos de cicatrizes de guerra.
Derramei lágrimas, sempre hei de fazê-lo. Após cada punhal nos posto ao peito, reacende o medo à despeito da dor. Medo traduzido em dor, dor traduzida em lágrimas. Não sei se serei capaz de camuflar a dor, mas me dói ter feito aquilo que fiz. Dor pior é a dor das palavras. A palavra, a navalha mais afiada contra aqueles com discernimento.
             Angústia, meus amigos. Saiba que aquilo que te aperta a garganta e te remói o estômago é recíproco, e talvez pior pelos lados de cá.

Inutilmente,
Desculpe.
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